
Viverei anos e anos e creio que jamais deixarei de ver e ouvir reclamações sobre salários defasados dos militares.
Em todos os governos, desde meu assentamento como praça, a mesma ladainha coexistiu com a carreira, fosse militar ou civil o tal governo.
Porém, creio firmemente que demorará ainda um bom tempo, o qual estimo no mínimo uns 100 anos, para que políticas de salário bem como de pessoal de um modo geral possam estar acontecendo de forma sadia.
Falo sadia, porque não vejo saúde alguma nessa coisa da apelação obrigatória de se sair por aí batendo panelas a fim de que os administradores do sistema se sensibilizem acerca dessa questão.
Enquanto todo ano já se crie essa expectativa de panelaços, a gestão pública da área parece cada vez mais involuída no referido processo, numa coisa de que se não há o barulho das panelas então é porque os milicos estão satisfeitos.
Todavia, sempre que ouço críticas sobre esse assunto, tento me posicionar do lado do governo, com fito de tentar viver o que se passa na cabeça dos gerentes do negócio.
Aí, sinceramente, chego à triste conclusão de que ele, o governo, não tem a menor culpa!
Sabem por quê?
Porque os militares também já foram o governo. E, se quando estavam com a faca na mão não conseguiram cortar o queijo é porque foram de uma incompetência fenomenal!
É o que dá essa coisa da febre pelo generalato, quando os sujeitos do alto comando das Forças Armadas vêm com a estorinha ridícula de que militar existe para dar exemplo à sociedade.
Ridícula, vez a idiotice completa de figurar na gangorra militar / civil quando, na condição de governo que teve, manteve o discurso do dar exemplo (primeiro a cortar a própria carne) e quando com o governo comandado por civis, como por ora, existia uma meia-dúzia que só pensava em si e, para tanto, ficava a arriar as calças em troca de cargos e comissões.
Entretanto, não sou contra iniciativas corajosas, como a da Dona Ivone, lá em Brasília, de se colocar a boca no trombone.
Creio que cada um tem a ver com seu cada um!
Apenas, desconheço quaisquer movimentações efetivas no sentido de se elaborar projetos consistentes, coerentes, sobretudo, a fim de que estabeleça uma política sadia e respeitável no tocante à progressão de carreiras, na qual estaria inserida, como sub capítulo, a remuneração, dentre outros assuntos.
O que mais irrita é que há pessoas que só se preocupam em tratar desse assunto, no Reservaer, nos jornais, etc.
Falam, reclamam, choram e não apresentam solução alguma.
Sequer se juntam para dar uma chacoalhada nas panelas velhas que mantêm em casa!