Dificilmente paramos para analisar nossos próprios passos e a nossa conduta diante de tudo que nos apresenta diariamente.
Costumamos, em vez disso, dar maior atenção às condutas alheias, sempre na esperança de encontrar um ponto qualquer que possibilite alavancar críticas destrutivas.
Há uma eterna briga por sobrepor egos, num não sei o quê de uma batalha inócua, sem benefícios, sem propósitos que revelem qualquer utilidade.
Essa discussão, por exemplo, sobre a comissão da verdade, divide opiniões separadas pelo muro das vaidades profissionais, tendo de um lado militares e do outro uma sociedade miscigenada e heterogênea culturalmente, absurdamente robotizada diante das manobras empreendidas pelos grupos que geram a discussão sobre essa verdade necessário conhecer.
Vê-se, claramente, uma outra necessidade maior do que a de conhecer a historicidade da época da ditadura militar, representada pela sede incontrolável de uma revanche que permita aniquilar os fantasmas que foram sendo alimentados pelo ódio durante décadas.
Razões, nesse aspecto, assistem a ambos os lados, sem dúvida!
Mas, tem-se certo de que é um caminho tormentoso, porque, a propósito, todos acabarão convencidos de que tinham seus motivos e razões que justificaram suas ações.
O que incomoda, todavia, é a visão reduzida sobre tudo, quando se destilam preocupações sobre a ponta da linha somente, sem voltar à análise do que determinou a contenda, principalmente acerca dos interesses econômicos e dos grupos que financiaram a guerrilha e, ao mesmo tempo, o combate militar ao regime que tentava se impor.
Grupos econômicos que ainda estão aí, ainda ditando ordens, veladas, em meio a um falso discurso de que se busca a plena democracia em nosso país.
Procurem saber, por exemplo, o que pensava Vargas sobre tudo que se deu às suas barbas, e quem chancelou o AI-5.
Em que pesem todos os benefícios das leis trabalhistas desenvolvidas por aquele estadista, consolidadas e estabelecidas na "bíblia" CLT, tem-se relatos confirmados de sua omissão diante das ações criminosas dos militares e policiais, sempre sob a máxima de que "sobre comunismo eu não mando prender nem mesmo soltar ninguém", o que revela sua alma de Pilatos, reprovável por sinal.
Militares que, mesmo diante da força mandamental dos regulamentos castrenses sobre o cumprimento de ordens absurdas, não tiveram colhões para se isurgirem sobre tais ordens e que hoje deveriam se recolher ao silêncio de suas culpas.
Ao mesmo tempo, os guerrilheiros lavados em seus cérebros sobre o sonho irreal de que o comunismo fosse, um dia, útil ao Brasil e aos seus filhos.
Por certo, essa comissão aí deveria contar com, no mínimo, historiadores em sua composição, o que não existe por ora, a fim de que estivesse preocupada e alerta apenas para os detalhes históricos dessa odiosa mecânica de imposição ideológica, conhecendo-a muito bem, no intuito de evitá-la para sempre.
O país é nosso, dos brasileiros, não de grupos elitizados que insistem fazer desta Nação o quintal das suas frustrações, impondo absurdas medidas doentias e suicidas ideologicamente.